sábado, 28 de maio de 2011

Janela

Ela sentou ali no canto da janela daquela velha casa. O único ponto da casa que dava pra ver uma pontinha do mar. Ela já não era mais aquela menina que se sentava ali pra brincar com suas bonecas e sonhar com o seu futuro. Hoje, de volta àquele mesmo lugar, depois de tanto tempo, ela tinha uma taça de vinho nas mãos e pouca coisa na cabeça.
Sim, pouca coisa, porque a maioria delas já tinha acontecido. A vida tinha dado uma volta completa e tinha trazido ela de volta ao início.
A brisa soprou forte, a pele arrepiou, o vinho já tinha feito sua parte e o dia não tinha sido nada fácil. Ela chorou. Há quanto tempo mesmo ela não se permitia derramar uma lágrima? Há quanto tempo ela vinha vivendo uma vida de aparências?
O vento cessou.
Mas de que adiantou tanto esforço pra sair dali se agora, depois de tantos anos, ela estava de volta?
Mas nada era igual. A casa estava aos pedaços, todos estavam aos pedaços.
Ouviu-se um barulho, ela enxugou as lágrimas. Vinha alguém.
Mas quem eram aquelas pessoas? Ninguém mais era familiar (com o perdão do trocadilho).
E ela se sentiu verdadeiramente só.
A taça de vinho caiu no chão e partiu-se, espalhando pelo chão aquele líquido vermelho feito sangue.
Alguém entrou no quarto. Era ele.
Ela olhou pra baixo, sentiu-se envergonhada. Não pelo vinho, mas por tudo aquilo.
Ele se aproximou, pôs a mão no queixo dela, ergueu seu rosto, olhou bem no fundo dos seus olhos e disse: "Lembra quando eu disse ´pra sempre´? É porque vai ser!"

Ela não se sentiu mais tão só.

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